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Agosto será ainda mais crítico para as hidrelétricas

Em uma apresentação na última terça-feira, o diretor do ONS, Hermes Chipp, previu que as hidrelétricas em operação no Brasil vão deixar de produzir em agosto 13% do volume que teriam de fornecer ao sistema elétrico - déficit conhecido pela sigla em inglês GSF (Generation Scaling Factor).

Valor Econômico - 24/07/2014

Por Claudia Facchini e Rodrigo Polito

Os meses de agosto e setembro devem ser ainda mais críticos para as hidrelétricas na região Sudeste e Centro-Oeste, que não conseguem entregar toda energia prevista devido à seca. Em uma apresentação feita na terça-feira, o diretor do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp, previu que as hidrelétricas em operação no Brasil vão deixar de produzir em agosto 13% do volume que teriam de fornecer ao sistema elétrico - déficit conhecido pela sigla em inglês GSF (Generation Scaling Factor). O percentual é bem superior ao déficit esperado pelo setor para todo ano, de 7%.

Segundo o presidente da Associação dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine), Luiz Fernando Vianna, um estudo encomendado pelas geradoras sobre o impacto do GSF deve ser concluído na primeira quinzena de agosto. O objetivo é entregar o documento, que está a cargo dos especialistas Dorel Soares Ramos e Marciano Morozowski Filho, para o governo e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Além da Apine, patrocinam o estudo a Abiape (Associação Brasileira dos Autoprodutores de Energia) e a Abragel (Associação Brasileira dos Geradores de Energia Limpa).

O déficit de 13% na geração hídrica seria o maior deste ano e um dos mais altos na história, superando as marcas registradas em junho e julho, em torno de 11%. Entre janeiro e maio, o GSF oscilou entre 1% e 6%. O problema não é mais grave devido às chuvas na região Sul, que estão bem acima da média, afirma João Carlos Mello, sócio da consultoria Thymos.



Se somadas, todas as usinas deveriam entregar em agosto 48,21 mil MW de energia hídrica para o sistema elétrico (garantia física), mas elas devem gerar apenas 41,88 mil MW em decorrência da seca. A diferença está sendo abastecida pelas térmicas. Segundo o ONS, a geração térmica deve atingir 15,356 mil MW em agosto, mas outros 644 MW precisarão vir de usinas mais caras, despachadas fora de uma ordem de custos.

Quando as usinas não geram o volume necessário para atender 100% da garantia física, as empresas que controlam os empreendimentos precisam comprar a diferença no mercado de curto prazo da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), pelo preço em vigor do megawatt-hora (PLD), para honrar seus contratos.

Segundo Vianna, ainda é difícil estimar quanto essa exposição ao mercado de curto prazo vai custar às empresas de geração - as despesas que podem variar de R$ 10 bilhões a R$ 20 bilhões este ano. De qualquer forma, a fatura não será baixa. Segundo o consultor da Thymos, a conta para as geradoras pode ficar em R$ 15 bilhões. No entanto, as despesas vão depender da estratégia comercial e da gestão de risco de cada companhia, bem como do comportamento dos preços no mercado de curto prazo.

Fontes do setor ouvidas pelo Valor PRO, serviço em tempo real do Valor, contudo, são céticas quanto a uma possível ajuda do governo para as empresas de geração neste ano. "O governo já precisou dar um auxílio monumental para as distribuidoras", diz uma fonte.

Diferentemente das distribuidoras, cujas margens são mais apertadas e os níveis de endividamento são mais altos, as empresas de geração apresentam balanços financeiros sólidos, pelos menos os grandes grupos, como a Tractebel (GDF Suez), AES Tietê e Cemig. Desta forma, é esperado que o governo não seja tão sensível ao problema como foi com as empresas de distribuição.

Mas há expectativas de que, pelo menos no ano que vem, algumas medidas possam ser adotadas para mitigar o risco hidrológico para os geradores, sobretudo porque o ONS já divulgou que as térmicas vão continuar ligadas em 2015 para garantir o abastecimento, o que quer dizer que o déficit na geração hídrica não vai desaparecer tão cedo.

A conta não será paga apenas pelas geradoras. As distribuidoras de energia terão de pagar na CCEE pelo déficit no volume gerado pelas hidrelétricas cujas concessões foram renovadas em 2012. Essas usinas ficaram livres do risco hidrológico, já que os concessionários deixaram de ser responsáveis pela comercialização da energia produzida pelos empreendimentos, que foi transformada em cotas para o mercado regulado. Do total gerado pelas hidrelétricas, cerca de 8 MW médios correspondem à energia dessas usinas "renovadas".




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