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Fabricantes eólicos investirão R$ 1 bi nos próximos anos

Motivadas pelo aquecimento da demanda por equipamentos eólicos no Brasil e, principalmente pelas exigências mais rigorosas de índice de conteúdo local dos parques, pelo BNDES, grandes fabricantes multinacionais do setor estão ampliando investimentos no Brasil. De acordo com a Abeeólica, a necessidade de investimentos na cadeia produtiva da indústria eólica nos próximos anos é de R$ 1 bilhão.

Valor Econômico - 28/08/2014

Por Rodrigo Polito

Motivadas pelo aquecimento da demanda por equipamentos eólicos no Brasil e, principalmente pelas exigências mais rigorosas de índice de conteúdo local dos parques, pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), grandes fabricantes multinacionais do setor estão ampliando investimentos no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), a necessidade de investimentos na cadeia produtiva da indústria eólica nos próximos anos é de R$ 1 bilhão.

Esse volume de recursos é necessário para expandir a capacidade de fornecimento de equipamentos para atender a uma demanda da ordem de 2 mil megawatts (MW) de parques eólicos por ano. Além disso, comenta-se no setor que há uma quantidade de 1,4 mil MW de projetos que já negociaram contratos nos leilões de energia mas ainda não contrataram fornecedores das peças.

Nem os sinais de desaceleração do crescimento econômico do país desanimam as empresas. Na avaliação dos executivos ouvidos pelo Valor PRO, serviço em tempo real do Valor, há uma demanda reprimida por energia no Brasil que implicará em novos investimentos, independentemente do ritmo de avanço do PIB nos próximos anos.

De olho nesse cenário promissor, a dinamarquesa Vestas, maior fabricante de equipamentos de energia eólica do mundo, prevê alcançar um faturamento de R$ 2 bilhões no Brasil nos próximos três anos. A meta faz parte do plano estratégico da empresa para o país que prevê investimentos de cerca de R$ 100 milhões até 2016.

"Tivemos dois anos difíceis, de 2011 e 2012, que coincidiram com a chegada do Finame [as novas regras estipuladas pelo BNDES]. Decidimos dar uma parada no Brasil, resolver os problemas e depois repensar a estratégia. A reestruturação foi bem sucedida. A empresa está agora com dinheiro e uma nova estratégia que é investir no Brasil", contou ontem o presidente da Vestas no país, Ruben Lazo. Em 2013, o faturamento global da Vestas foi de € 6 bilhões (o equivalente a quase R$ 18 bilhões).

Os R$ 100 milhões destinados ao Brasil serão investidos na construção de uma fábrica de naceles - espécie de caixa onde fica o gerador de energia e um dos principais componentes do parque - e outra para a produção de pás eólicas, ambas no Ceará.

A expectativa, segundo Lazo, é que a unidade de fabricação de naceles esteja concluída no segundo semestre de 2015, com início de operação comercial no começo de 2016. Com as novas unidades, a Vestas terá uma capacidade de fornecimento de 400 MW em equipamentos por ano no Brasil, com possibilidade de dobrar esse número.

Outra fabricante do setor, a Acciona Windpower, braço do grupo espanhol Acciona na área de energia eólica, vai inaugurar no último trimestre uma fábrica de naceles na Bahia. Com investimentos da ordem de R$ 20 milhões, a unidade terá capacidade para produzir entre 300 MW e 450 MW de equipamentos por ano. Dependendo da demanda, esse número pode ser ampliado, a partir da inclusão de mais um turno de trabalho.

Com R$ 3,2 bilhões em encomendas, o Brasil responde por cerca de 40% da carteira de contratações da Acciona Windpower globalmente. "O Brasil é o principal mercado por sua razão econômica, porque está em crescimento e por ser o local onde somos capazes de desenvolver tecnologia e ser exitosos", afirmou José Luis Blanco, presidente global da Acciona Windpower, que veio ao Brasil para participar do Brazil Windpower, evento sobre energia eólica, no Rio de Janeiro.

Outra gigante do setor, a Alstom vai investir € 30 milhões (cerca de R$ 90 milhões), em parceria com a Andrade Gutierrez, na construção de uma fábrica de torres de aço para aerogeradores, em Jacobina (BA). A construtora brasileira terá 51% do negócio, enquanto o restante será da multinacional francesa.

"Não estamos aqui de forma oportunista, para gerar lucro e partir. Temos uma visão de longo prazo, queremos desenvolver um negócio sustentável", disse o vice-presidente da Alstom Wind, Yves Rannou. Ele acrescentou que a companhia tem uma visão dinâmica de relação com os subfornecedores, para garantir a qualidade e o atendimento do serviço. O executivo fez uma analogia entre a cadeia da indústria eólica e a do setor automotivo, em que o subfornecedor é essencial para a qualidade do produto.

Segundo a presidente executiva da Abeeólica, Elbia Melo, existem hoje gargalos na cadeia de suprimento de componentes eólicos, para os quais estão sendo estudadas formas para desenvolver novos investidores. "Os grandes fabricantes estão hoje numa situação de super produção para atender essa demanda, estão vendo sinal de investimentos de médio e longo prazo e buscando atrair os fornecedores de componentes", disse ela.




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