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Gás natural já é produzido a partir de lixão

Projeto usa 700 toneladas de resíduos por dia e poderá fornecer combustível para ônibus RIO - Em tempos de escassez de água e riscos no fornecimento de energia, começam a ganhar força projetos de energia renovável, como a produção de gás natural a partir de resíduos do agronegócio e, principalmente de aterros sanitários (lixões).

O Globo 25/11/14

RAMONA ORDOÑEZ

Projeto usa 700 toneladas de resíduos por dia e poderá fornecer combustível para ônibus
RIO - Em tempos de escassez de água e riscos no fornecimento de energia, começam a ganhar força projetos de energia renovável, como a produção de gás natural a partir de resíduos do agronegócio e, principalmente de aterros sanitários (lixões). Esta é a proposta da EcoMetano, criada em 2010 pelo grupo nacional MDC Par, que pretende usar o biogás gerado a partir dessas fontes para produzir gás natural renovável, em vez de energia elétrica, como a maioria dos projetos existentes no país para aproveitamento de resíduos de aterros sanitários. Outras iniciativas para produzir gás natural a partir de lixo, de pequeno porte, começam a surgir no Rio Grande do Sul, da Ecocitrus, e em Santa Catarina, da Pomerode.
Também chamado de biometano, o biogás poderá entrar na rede de distribuição e ser utilizado, assim como o gás de origem fóssil, para uso comercial e residencial, diz o gerente de Negócios da EcoMetano, Márcio Schittini. Hoje, porém, a Agência Nacional do Petróleo (ANP), só autoriza o uso do biometano para fins industriais e para gerar energia elétrica.
— Nossa proposta é abastecer a frota de ônibus do Rio com o biometano produzido do próprio lixo da cidade — diz Schittini, frisando que a ANP está elaborando alterações à regulação do uso experimental de combustíveis e que o tema está em consulta pública para definição de parâmetros de qualidade.
CONEXÃO À REDE CANALIZADA
O primeiro projeto da EcoMetano — que já fornece gás para a Reduc a partir do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho — neste nicho entrou em pré-operação em agosto, em São Pedro D’Aldeia, na Região dos Lagos, e é o primeiro no Estado do Rio de Janeiro destinado a levar gás natural a consumidores finais, conforme Schittini. Chamado de Dois Arcos, se apoia numa parceira com a empresa Osafi, dona do Aterro Dois Arcos, que recebe lixo de oito municípios da região: São Pedro da Aldeia, Búzios, Iguaba Grande, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Casemiro de Abreu, Silva Jardim e Araruama.
Diariamente, 700 toneladas de lixo são transformadas, numa usina de biogás, em 6 mil metros cúbicos de gás natural — por ora, o combustível é queimado. A partir de 1º dezembro, a companhia passará a fornecer gás comprimido (em cilindros) para uma indústria gerar sua energia. A expectativa, segundo Schittini, é que até o fim do próximo ano a unidade seja conectada à rede da CEG, distribuidora de gás canalizado do Estado do Rio, e então toda a produção será entregue à companhia.
O desenvolvimento do projeto da EcoMetano exigiu investimentos de R$ 20 milhões, e a ideia é elevar a produção para 15 mil metros cúbicos por dia até 2020. Mas, ao todo, a EcoMetano prevê investimentos de R$ 220 milhões para cinco projetos, incluindo o Dois Arcos, e produção de 250 mil metros cúbicos por dia de biometano até o início de 2016.
DIVERSIFICAÇÃO DA MATRIZ ENERGÉTICA
A ANP ainda que reconhece a existência de recursos que permitem a remoção dos contaminantes do biometano, mas ainda aguarda o desenvolvimento de procedimentos padronizados para essa remoção. Por isso, por enquanto, segundo a ANP, é permitido o uso do biometano apenas para a geração de energia elétrica ou para uso na indústria. Para os demais usos, o produtor de biometano dependerá de autorização da ANP.
Para Marcio Balthazar da Silveira da empresa de consultoria NatGas Economics, o país precisa de uma regulamentação que favoreça o desenvolvimento de projetos do biogás, porque, embora de pequeno porte, podem resultar na melhor solução para o fim dos aterros sanitários e seus efeitos nocivos ao ser humano e ao meio ambiente. Ele destaca que esses projetos podem resultar em soluções energéticas regionais, que levem o gás a regiões distantes da malha de gasodutos.
O coordenador do Programa de Mudanças Climáticas da WWF-Brasil, André Nahur, frisou a importância do desenvolvimento cada vez maior no país de projetos de geração de energia por fontes renováveis, como a do biogás.




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