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Entraves atrasam nova hidrelétrica no Tapajós

A falta de planejamento do governo e entraves ambientais e de delimitação de terras indígenas vão deixar desempregados, até o final deste ano, 15 mil funcionários da hidrelétrica de Belo Monte.

Folha de SP - 24/05/15

Valdo Cruz e Julia Borba

A falta de planejamento do governo e entraves ambientais e de delimitação de terras indígenas vão deixar desempregados, até o final deste ano, 15 mil funcionários da hidrelétrica de Belo Monte.

 
Segundo a Folha apurou, o governo havia avisado os empresários que deslocaria os demitidos do consórcio de Belo Monte para a construção da usina hidrelétrica São Luiz do Tapajós, ambas no Pará. Mas a ideia falhou.

Um assessor presidencial disse à Folha que o governo não conseguiu se planejar para superar entraves ambientais e indígenas a fim de leiloar a usina no prazo previsto.

Em 2014, o Ministério de Minas e Energia chegou a anunciar o leilão da hidrelétrica no Tapajós para 15 de dezembro. Poucos dias depois, informou no "Diário Oficial" o adiamento do pregão, por "necessidade de adequações aos estudos associados ao tema do componente indígena", até hoje não superados.

O planejamento era que a nova usina começasse a ser construída no início de 2016, absorvendo os trabalhadores demitidos de Belo Monte e evitando desemprego na região. O governo diz que tentará fazer o leilão ainda em 2015, para que a obra comece durante o próximo ano.

Empreiteiros e técnicos disseram à reportagem, porém, que, pelo histórico da região, não consideram mais possível que a construção da usina comece antes de 2017.

DESMOBILIZAÇÃO

A demissão dos cerca de 15 mil trabalhadores da usina de Belo Monte faz parte do cronograma normal de construção da hidrelétrica. No fim deste ano, a usina estará 90% concluída.

A obra, comandada por um consórcio de dez das maiores empreiteiras do país, já teve 37 mil trabalhadores.

Atualmente, está com cerca de 28 mil e, no início do próximo ano, ainda deve contar com um quadro de funcionários de 13 mil homens.

O desemprego é uma das maiores preocupações da presidente Dilma neste ano. Em abril, o país registrou corte de 98 mil vagas com carteira assinada, o pior resultado nos últimos 23 anos.

EM PÉ DE GUERRA

Assim como a usina de Belo Monte, a construção da hidrelétrica do Tapajós se dá em área amazônica e afeta terras indígenas.

Com a indicação de que o governo pretende, de fato, dar andamento ao processo, movimentos ambientais e indígenas começaram a fazer protestos contra a obra, defendendo o "Tapajós Livre".

Aproveitando a queda do rio Tapajós, o governo estuda dois empreendimentos: São Luiz do Tapajós e Jatobá, com 6.133 MW e 2.338 MW de capacidade instalada. Juntas, devem gerar cerca de 8.500 megawatts (MW).

Para efeito de comparação, a usina de Belo Monte tem capacidade para gerar 11.233 MW de energia elétrica.

A hidrelétrica deve alagar parte da terra indígena Sawré Muybu, onde moram os mundurucu.

A Funai (Fundação Nacional do Índio) precisa fazer a demarcação do território.

Atualmente já há um grupo de empresas participando da elaboração de estudos de viabilidade técnico-econômicos e ambientais.

Nessa lista estão a Eletrobras, a Eletronorte, a GDF Suez, a EDF, a Neoenergia, a Camargo Corrêa, a Endesa Brasil, a Cemig e a Copel.




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