Notícias

Estudo vê desmatamento em ritmo menor na Amazônia

O desmatamento da Amazônia nos nove países amazônicos perdeu fôlego entre 2000 e 2013 em relação ao ritmo verificado nos 30 anos anteriores, com exceção da Venezuela, que mantém tendência de alta.

Valor - 05/10

Daniela Chiaretti

O desmatamento da Amazônia nos nove países amazônicos perdeu fôlego entre 2000 e 2013 em relação ao ritmo verificado nos 30 anos anteriores, com exceção da Venezuela, que mantém tendência de alta. Os números continuam expressivos: desmatou-se 223 mil km2 no período, o que significa 13% da cobertura vegetal original.
O dado faz parte de novo estudo "Desmatamento na Amazônia (1970-2013)" lançado pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg). Trata-se de uma rede de instituições da sociedade civil que estuda os vetores de pressão sobre a região e produz informação georreferenciada para dar visibilidade socioambiental à Amazônia.

 
O estudo analisa 43 anos de desmatamento da Amazônia, em nove países. A maior perda ocorreu entre 1970 e 2000 (9,7%). De 2000 a 2013, foi de 3,6%. A média brasileira atual, de 5 mil km2 ao ano, continua sendo alta, embora muito reduzida em relação ao passado.

"É quase um campo de futebol por minuto", diz Carlos Souza, pesquisador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), uma das duas ONGs brasileiras que estão na Raisg. A outra é o Instituto Socioambiental (ISA). Agropecuária e obras de infraestrutura, como abertura e pavimentação de estradas e construção de hidrelétricas, foram os maiores vetores do desmatamento.

A Amazônia sofre pressões específicas em cada país. Na Colômbia, a mineração ilegal e a expansão da fronteira a agrícola causaram perda de mais de 6 mil km2 de 2005 a 2010. No Equador, que depois do Brasil registrou a maior perda proporcional acumulada (10,7%) das florestas originais, a exploração de petróleo foi e continua sendo a maior ameaça.

No Peru, plantações agroindustriais de cacau e palma são ameaças crescentes. Na Bolívia, a pecuária, a agricultura mecanizada e a em pequena escala são os principais vetores. No Suriname, Guiana e Guiana Francesa a pressão vem da demanda por energia. Na Venezuela, ao contrário da tendência geral de redução do desmatamento entre 2005 e 2013, a perda de floresta aumentou, puxada principalmente pela mineração ilegal.

O próximo passo da Raisg será um estudo específico sobre o desmatamento nas nascentes das grandes bacias hidrográficas que estão nos países andinos. "É crítico entender a pressão sobre as nascentes", diz o pesquisador. "Precisamos ter um diagnóstico mais detalhado das regiões. É uma necessidade também de conseguirmos prever as ameaças futuras."

A Raisg usará agora a plataforma de imagens do Google como base de seus estudos. "A intenção é contribuir com políticas públicas, ajudar a criar e implantar unidades de conservação e terras indígenas e ter controle sobre o desmatamento", diz Souza. A Amazônia compreende quase 6 milhões de km2 (35% do continente sul-americano), onde vivem 33 milhões de pessoas e 385 povos indígenas.

A Raisg foi fundada em 1996, por iniciativa do antropólogo Beto Ricardo, do ISA, com a intenção de integrar informações sobre a floresta nos países amazônicos e melhorar a governança socioambiental da região. "Ficou claro que precisávamos desenvolver a capacidade de mapear o desmatamento em todos os países usando abordagem e metodologias homogêneas", diz Souza, do Imazon.

A rede, que hoje tem seis instituições da sociedade civil nos nove países amazônicos, começou a deslanchar em 2007. Além dos dois institutos brasileiros, o ISA e o Imazon, há outros na Venezuela, Equador, Bolívia, Colômbia e Peru.




Entidades Associadas

Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico – FMASE
SCN Quadra 04, Bloco B, Ed. Centro Empresarial Varig, Sala 101 Brasília - DF 70714-900

11 9940-9283
11 3035-0899
 SÃO PAULO