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Venda de Santo Antonio tem novo impasse

As negociações entre a Odebrecht a chinesa SPIC Overseas sobre a venda da hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira (RO), chegou a um impasse, apurou o Valor. Segundo fontes próximas da situação, não há acordo sobre muitas das condições propostas pelos compradores para a operação, e a Odebrecht não está disposta a aceitar a oferta na mesa.

Valor Econômico - 03/08/2017

Por Camila Maia

As negociações entre a Odebrecht a chinesa SPIC Overseas sobre a venda da hidrelétrica de Santo Antonio, no rio Madeira (RO), chegou a um impasse, apurou o Valor. Segundo fontes próximas da situação, não há acordo sobre muitas das condições propostas pelos compradores para a operação, e a Odebrecht não está disposta a aceitar a oferta na mesa.

As conversas não foram suspensas, mas, segundo uma fonte ligada às negociações com a Odebrecht, "da forma como está proposto, não vai haver venda".

O impasse se refere à questões como os colaterais em relação aos pleitos administrativos e judiciais que envolvem a concessionária, além de discussões sobre excludente de responsabilidade e fator de disponibilidade da usina.

Havia um entendimento na Odebrecht sobre o cumprimento dessas condições quando a chinesa apresentou proposta não vinculante, mas agora que chegou o momento da oferta firme, a situação é outra e não há disposição em aceitar o que está sendo exigido pelos compradores.

A Odebrecht tem, entre participações direta e indireta, 28,6% das ações da hidrelétrica. A Cemig, que compõe com a companhia o bloco de controle, tem 18% do ativo. Já Furnas, subsidiária da Eletrobras, tem outros 39%. Andrade Gutierrez e FI-FGTS têm o restante.

Inicialmente, os vendedores tinham pedido cerca de R$ 10 bilhões pela usina, além da dívida envolvida. O desejo das empresas, segundo uma das fontes, era chegar a um acordo com os chineses avaliando a hidrelétrica em R$ 9 bilhões a R$ 8 bilhões. Os chineses chegaram em uma cifra entre R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões, mais um percentual de "earn out" - parcela vinculada ao cumprimento de algumas condições de desempenho da usina, como em processos judiciais, por exemplo.

O problema está justamente nessas condições. A proposta dos chineses envolve descontar do valor cheio da usina alguns valores que dependem dessas questões. Se Santo Antonio sair vitoriosa de algumas disputas, o dinheiro ficaria com os atuais concessionários. Não é esse o cenário desejado pelos vendedores, que aceitariam uma piora na avaliação do preço desde que pudessem sair da empresa em definitivo, sem depender dos chineses no futuro.

No começo do ano, a Cemig chegou a deixar a mesa de negociações por discordar dos valores propostos, devido ao fato de uma parcela do dinheiro ser depositada em uma conta garantia. A situação financeira da estatal mineira apertou e as pressões dos credores fizeram com que ela voltasse atrás e retomasse as conversas com a SPIC Overseas.

No lado da Odebrecht, porém, a pressa em concluir a operação é muito menor. Para a empreiteira, a venda vai ajudar a reduzir a alavancagem e melhorar sua relação com credores, mas a entrada de dinheiro em caixa não seria tão significativa. Além disso, há um compromisso da gestão da usina de não chamar aportes adicionais dos sócios nos próximos meses, enquanto for possível, o que tira a pressão de venda da Odebrecht.

Nas últimas duas semanas representantes dos sócios da hidrelétrica tiveram várias reuniões com executivos da SPIC Overseas, sem chegar a nenhum avanço.

Embora a Cemig tenha pressa na venda, dificilmente a SPIC Overseas vai fechar um acordo apenas com a estatal, por sua estratégia de ser sempre majoritária em projetos como esse. Sem a venda do bloco de controle, a Eletrobras não terá direito a tag along - obrigação do comprador de estender a oferta aos minoritários. Um acordo apenas com Cemig e Furnas não é impossível, mas as chances de sucesso são menores, avaliam as pessoas próximas das negociações.

Procurada, a Odebrecht disse que as negociações com a SPIC continuam e não quis comentar as demais informações.

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