Notícias

Sustentabilidade pode elevar lucro, diz estudo

Apesar dessa perspectiva de ganhos, as indústrias do setor ainda investem pouco em ações de sustentabilidade - como economia de água e energia, uso de energias renováveis, tratamento de esgotos, reciclagem de materiais e automação de parte do sistema produtivo.

Valor Econômico - 13/07/2018
Por Cibelle Bouças


As companhias de moda podem apresentar um crescimento mais forte no lucro operacional até 2030, se adotarem medidas para tornar o seu negócio mais sustentável. Apesar dessa perspectiva de ganhos, as indústrias do setor ainda investem pouco em ações de sustentabilidade - como economia de água e energia, uso de energias renováveis, tratamento de esgotos, reciclagem de materiais e automação de parte do sistema produtivo.

A conclusão faz parte do estudo "O pulso da indústria de moda", elaborado pela consultoria Boston Consulting Group (BCG), ao qual o Valor teve acesso.

De acordo com a consultoria, as empresas de moda que não investirem em sustentabilidade terão um aumento médio anual em seu lucro operacional de 8,6% até 2030. Já para as companhias que fizerem investimentos o aumento previsto para o período é de 11,1% - um ganho adicional de 2,5 pontos percentuais.

Para fazer o cálculo, o BCG considerou que a receita das empresas de moda vai crescer, em média, 2% ao ano, entre 2015 e 2030, que é a taxa média de crescimento esperado para o mercado de vestuário e calçados no período. A consultoria fez estimativas para dois cenários. Em um deles, as empresas promovem ações de sustentabilidade. Em outro, elas mantêm a operação inalterada.

Segundo os cálculos do BCG, os custos de produção das empresas sustentáveis terão aumento médio de 3,4% ao ano, ante 3,5% de aumento por ano nas empresas que não fizerem mudanças. Os custos com matérias-primas aumentarão 0,7% ao ano nas empresas sustentáveis, ante um avanço de 1,5% ao ano nas companhias tradicionais. As despesas com vendas gerais e administrativas das empresas sustentáveis aumentarão 2,2% ao ano, em média, ante 2,3% nas empresas tradicionais.

O estudo, que também mede a performance da indústria da moda, revelou que houve pouco avanço em termos de sustentabilidade. O índice de sustentabilidade do setor chegou a 38 pontos em 2017, ante 32 pontos no ano anterior. A medição vai de zero a cem, sendo zero uma empresa que não adota nenhuma ação sustentável e cem uma empresa que adotou medidas de sustentabilidade em todos os elos da cadeia de produção.

As companhias de grande porte globais apresentaram índices mais altos. Grandes competidores de luxo, como Hennes & Mauritz (H&M), Hugo Bos s e Burberry, atingiram índice de 51 pontos. Empresas gigantes de artigos esportivos, como Nike, Adidas e Puma, chegaram a 84 pontos. Já pequenas e médias empresas de moda apresentaram indicadores entre 12 e 29 pontos, contribuindo para reduzir a média do setor.

"Para diversas empresas brasileiras, o ganho pode ser ainda maior, dado que ainda estão em estágios mais iniciais da jornada de sustentabilidade", afirmou Flavia Gemignani, especialista em varejo e moda do BCG.

A especialista disse que a indústria da moda no Brasil sofreu com a recessão econômica recente, faltando recursos para investir em sustentabilidade. Além disso, disse Flavia, a sustentabilidade ainda é vista por muitos executivos como parte da imagem da marca. "Ainda não existe a percepção de que sustentabilidade é uma ferramenta essencial para reduzir impactos negativos da produção industrial, preservar recursos escassos e recuperar a rentabilidade que as empresas de moda vêm perdendo ao longo dos anos", afirmou a especialista.




Entidades Associadas

Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico – FMASE
SCN Quadra 04, Bloco B, Ed. Centro Empresarial Varig, Sala 101 Brasília - DF 70714-900

11 9940-9283
11 3035-0899
 SÃO PAULO