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Expansão das renováveis aquece mercado de seguros para energia eólica

Consultoria especializada em gestão de risco estratégico para parques eólicos afirma que novos empreendimentos no país devem receber pelo menos mais R$ 50 milhões de prêmios de seguro nos próximos dois anos. Seguro paramétrico tem sido uma das principais demandas do setor

Canal Energia - 10/09/2018
Por Henrique Faerman


A geração de energia eólica será a 2ª principal alternativa energética para o Brasil em 2019, ficando apenas das hidrelétricas. A previsão é feita a partir de dados da Associação Brasileira de Energia Eólica, que também apontam para um consequente aquecimento do mercado de seguros para empreendimentos eólicos. Hoje, segundo a entidade, 8,5% da potência instalada em território nacional deriva da força dos ventos, com projetos desse tipo crescendo a um ritmo superior de 20% ao ano.

Para atender a essa demanda do mercado nacional, a Aon, empresa global que oferece ampla gama de soluções em riscos, benefícios e saúde, está atualmente em consultoria com 15 clientes de parques eólicos em obras ou operando no Brasil. O número representa, aproximadamente, 20 a 25% do marketshare do setor e a expectativa da companhia é que o mercado movimente mais de R$ 50 milhões com novos prêmios até 2020.

Clemens Freitag, Diretor de Infraestrutura da Aon Brasil, destacou a expertise da multinacional na área de energia eólica, em um mercado que apresenta algumas especificidades. “Para fazer um desenho adequado do programa de seguros existe a necessidade de um profundo conhecimento técnico e de negócio. Certamente, nosso know-how garante um diferencial estratégico para a operação dos nossos clientes”, assegurou o diretor.

No Brasil, a estrutura dos seguros está ligada as garantias que a Agência Nacional de Energia Elétrica pede a partir dos leilões, que pode ser através de fiança bancária ou pelo chamado seguro Big Bound. Depois do certame, há outras apólices para garantia da conclusão da obra; o Performance Bound, seguido pelo seguro de garantia da concessão, onde o empreendedor o apresenta junto à Aneel, garantindo a operação conforme o contrato celebrado.

Normalmente as financiadoras de projetos eólicos pedem algumas exigências, além do único seguro obrigatório, que é o de transporte dos bens que envolve as pás, transformador, entre outros dispositivos, e que vale desde o fabricante até o local de montagem. Um dos principais é o de riscos de engenharia, que assegura que os bens do parque que estão em montagem, como torres, aerogeradores e transformadores sejam protegidos de riscos como queda, incêndios e outros acidentes físicos.

Outro seguro que geralmente acompanha os outros é o de Responsabilidade Civil, que vale para o caso de uma turbina cair numa estrada e causar danos materiais e pessoais à terceiros. Há também o DSU – Delay Start Up, para o caso dos transportes, quando por exemplo, o mesmo transformador que pegou fogo durante o transporte, pode ter caído numa estrada e ter ocasionado atraso na geração de receita.

Ainda no segmento de construção, há a possibilidade da contratação do seguro de responsabilidade civil de diretores e administradores, o DNO, que pode ser feito pelos empreendedores que estão já construindo consórcio e quiserem responsabilizar os superiores em decorrência de suas gestões. E não muito comum, mas que tem crescido a busca é pelo seguro de responsabilidade civil profissional, em que se terceiriza o projeto para outra empresa. Então é solicitado ao projetista essa garantia, onde se transfere as propriedades e responsabilidade dos bens para o operador.

Esses seguros podem ser intensificados com outras apólices paralelas, como o seguro de lucro cessante – ALOP – Advance Loss of Profit, muito importante para os financiadores, pois garante o ressarcimento dos prejuízos financeiros ao deixar-se de ter receita por um determinado período e problema num dos bens do empreendimento. Essa modalidade está sendo cada vez mais utilizada, visto a perda de receita com a unidade paralisada poder inviabilizar uma operação. Isso pode ser causado, por exemplo, por um sinistro ocorrido em sua construção.

“O mercado de energia eólica é relativamente atraente às seguradoras. A cada 200 megawatts são gerados aproximadamente R$ 2 milhões em prêmios. Entretanto, não se observa o mesmo apetite quando os parques já estão em funcionamento, pelo volume de sinistros que vem sendo observado com o aumento a idade em operação dos parques”, observou Freitag.

Com relação a fase de Operação, as apólices apresentam praticamente as mesmas premissas, com os paralelos de ALOP, porém adequadas a atividade do setor. Há por exemplo o seguro de Riscos Operacionais, que deve ser renovado anualmente.

Um dos diferenciais dentro desse segmento é o seguro paramétrico, uma proteção financeira ligada a fatores climáticos representa hoje a principal demanda pelos clientes ligados à geração renovável, mostrando-se essencial para os complexos eólicos, visto os aerogeradores dependerem de vento para funcionar. Se este recurso falta, a geração acaba sendo menor do que o previsto: “Fizemos recentemente esse primeiro tipo de seguro dentro do país para uma comercializadora que tem um conjunto de geradoras como clientes. Estamos muito envolvidos no desenvolvimento dessa tecnologia”, revelou o executivo.

Principais sinistros

No caso dos parques eólicos, o que se verifica mais quanto à gestão de risco é uma frequência maior de danos de quebra de máquinas e peças, como as caixas multiplicadoras e as pás dos aerogeradores, além do gerador. Clemens Freitag chamou a atenção para o fator de lucro cessante, em que, por exemplo, um dano em um aerogerador não ser encarado como um dano crítico, visto cada parque possuir 20 a 30 turbinas. Já um prejuízo no gerador, nas pás ou na caixa alimentadora, pode ser muito maior. “Se o empreendimento só tiver uma subestação para alimentar um parque eólico inteiro, por exemplo, o dano em um único transformador poderia ocasionar uma perda e parar a geração do parque inteiro”, exemplificou Freitag.

Com relação a danos de ordem naturais, onde geralmente as seguradoras tem uma atenção maior, por serem situações catastróficas, o Brasil é um país bem menos afetado que outros que sofrem com terremotos, por exemplo. “Por aqui o mais crítico acabam sendo as tempestades e vendavais”, contou o diretor, afirmando que a empresa está com quatro estudos paramétricos em andamento, sendo dois hidrelétricos e os outros parques eólicos. “Também seguimos junto com a comercializadora, tentando desenvolver mais seguros com eles”, complementou.




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