Entrada forte de energias renováveis não compromete sistema brasileiro, diz estudo

Estudo foi realizado no âmbito da “Cooperação Brasil Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável”, coordenada pelo Ministério de Minas e Energia e Ministério para Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ)

Valor Econômico - 30/10/2020
Por Letícia Fucuchima


O sistema elétrico brasileiro “para de pé” mesmo num cenário de forte penetração na matriz das fontes renováveis de energia, que têm geração variável. Essa tendência, porém, traz um alto grau de complexidade ao planejamento e operação do sistema, exigindo novas ferramentas e modelos, além de capacitação de profissionais, para acomodar com segurança e confiabilidade a grande quantidade de energias renováveis.

A conclusão é de um amplo estudo realizado no âmbito da “Cooperação Brasil Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável”, coordenada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e Ministério para Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ). Os trabalhos foram conduzidos por um consórcio internacional formado por Lahmeyer International, Tractebel Engie e consultoria PSR, com participação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ).

O estudo trabalhou com a perspectiva de expansão massiva das fontes renováveis, como eólicas e solar fotovoltaica, combinada a um forte aumento do consumo brasileiro de energia elétrica. Foi considerada uma demanda de 166 gigawatts (GW), o dobro do observado em 2017 – não foi determinado um horizonte específico, mas entende-se que essa demanda seria alcançada após 2026. Ao final desse horizonte, estimou-se que as renováveis não convencionais, como eólica e solar, representariam 41,5% da geração total.

Segundo o estudo, o parque hidrelétrico nacional funcionará como “fiador” da integração massiva das renováveis. “A flexibilidade operativa das hidrelétricas — que existe, mas não é total – vai ser importante para mitigar a variabilidade de curto prazo da solar fotovoltaica e eólica", afirma Rafael Kelman, sócio-diretor da consultoria PSR.

Além disso, o estudo mostrou que existe uma forte complementaridade entre as usinas eólicas do Nordeste e as hidrelétricas. “Outra sinergia, menos óbvia, é o uso de sistema de corrente contínua de Belo Monte pelas eólicas do Nordeste. Como há forte sazonalidade de Belo Monte, a linha de transmissão fica ociosa e poderia ser utilizada pelas eólicas”, explicou Kelman.

Ainda segundo o estudo, a expansão da rede de transmissão será fundamental para a integração das fontes renováveis na matriz, permitindo que grandes volumes de energia sejam transferidos entre as regiões e garantindo uma operação segura, confiável e estável do sistema elétrico.





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