UE confirma plano de taxa de carbono
Nesta terça-feira (17), a UE levou o tema para o Comitê de Meio Ambiente da Organização Mundial do Comércio (OMC) e espera que os EUA, sob o comando de Biden, entre nas discussões
Valor Econômico - 17/11/2020
Por Assis Moreira
A taxa de carbono, contra países poluidores, entra cada vez mais nas discussões internacionais impulsionadas pela União Europeia (UE) e, espera-se que em breve, pelo governo do democrata Joe Biden nos EUA.
Nesta terça-feira (17), a UE levou o tema para o Comitê de Meio Ambiente da Organização Mundial do Comércio (OMC), em meio a inquietações de parceiros que visivelmente não parecem preparados para descarbonizar logo suas economias.
A delegação europeia afirmou que trabalhará na direção de uma "carbon border adjustment" para gerir os riscos de "carbon leakage" em casos onde ambições sobre ação climática não são compartilhadas globalmente.
O termo "carbon leakage" diz respeito a uma situação na qual uma empresa, para escapar dos custos ligados a políticas climáticas, desloca sua produção para outros países aplicando regras menos estritas sobre emissões, aumentando assim suas emissões totais. O risco pode ser mais elevado em setores industriais com forte intensidade de energia.
Segundo a UE, o mecanismo será desenhado de forma a ser compatível com as regras da OMC. Mas um bom número de países parece ter dúvidas, como o Canadá, Colômbia, Índia, Noruega, Paraguai, Rússia, Arábia Saudita, EUA e Turquia.
Vários países conclamaram a UE a levar em conta alguns pontos na elaboração da taxa carbono, como reconhecer o principio de responsabilidade comum, mas diferenciada, nas ações climáticas, assegurar que os custos não recaiam apenas sobre produtores, assegurar que subsídios planejados para a indústria europeia sejam leais e não violem as regras internacionais.
Pacto verde
A UE tem um pacto verde visando a neutralidade de carbono em 2050. A partir dessa data, o bloco europeu não deverá jogar na atmosfera mais gases de efeito estufa do que reservas naturais e artificiais são capazes de absorver.
Na OMC, a delegação do governo do presidente americano, Donald Trump, não aprecia a taxa carbono dos europeus. O presidente eleito, Joe Biden, não esconde que vai tomar a mesma direção.
Conforme relatos de Washington, a taxa carbono nos EUA sob Biden poderá não ser iminente, mas parece inevitável.