‘Net zero 2050’ e as oportunidades de negócios para o setor elétrico

Comercialização de créditos de carbono, novos serviços, cidades inteligentes e outras alternativas abrem espaço para diversificação da receita das empresas do setor

CanalEnergia - 28/05/2021
Por Maurício Godoi

Cúpula de líderes sobre o clima, agenda ESG no mundo corporativo, eletrificação, net zero ou neutralidade de carbono. Em 2021 esses temas vêm ganhando mais espaço, ainda mais no pós-pandemia. Em comum está o objetivo de redução das emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento global em 1,5 grau Celsius, conforme o Acordo de Paris. E nesse conjunto de ações, 2050 desponta como a data limite para que o mundo, ou grande parte dele, possa alcançar a meta. O que abre possibilidades de uma expansão dos negócios para o segmento de energia e seus diferentes campos de atuação.

O setor elétrico é colocado como o mais óbvio para agir rumo à redução. Mas isso de forma mais localizada em regiões como os Estados Unidos, Europa e Ásia e menos por aqui. Afinal, é de conhecimento geral que no Brasil a matriz elétrica está posicionada como uma das mais limpas do mundo. Cerca de 83% da nossa energia vem de fontes renováveis. Contudo, essa onda de busca pela neutralidade deverá trazer seus benefícios até mesmo para quem atua localmente com perspectiva de oferecer novos produtos e serviços, já que a matriz energética ainda apresenta espaço para a descarbonização. Ainda temos pouco mais da metade de toda a energia usada com base nos hidrocarbonetos.

Segundo relatório publicado há duas semanas pela Agência Internacional de Energia (AIE), o objetivo de ser neutro em carbono é possível para o setor energético em geral. Contudo, para isso é necessário acelerar o ritmo de investimentos ante o que se pratica atualmente. São mais de 400 marcos para orientar a jornada global até 2050. Isso inclui nenhum investimento em novos projetos de fornecimento de combustível fóssil. Em 2035, a indicação é de não haver vendas de novos automóveis de passageiros com motor de combustão interna e, em 2040, o setor global de eletricidade já terá emissões líquidas zero.

E há um consenso quanto ao tema. Enquanto o marco temporal 2050 não chega é necessário muito trabalho. Um reflexo desse caminho sendo trilhado pode ser verificado no crescimento sistemático de emissões de certificados de energia renovável. De acordo com o diretor do Instituto Totum, Fernando Lopes, em cinco meses corridos de 2021 já foram emitidos mais desses comprovantes de geração do que em todo o ano de 2020.

“No ano de 2020 foram transacionados 4 milhões RECs e este ano já estamos com 4,5 milhões. Nossa perspectiva é de chegar ao final de dezembro com 10 milhões”, revela Lopes. “Já esperávamos esse aumento porque normalmente as empresas que entram no mercado para a rastreabilidade dificilmente entram e saem. E a tendência é de continuar essa curva ascendente, ainda não há estimativa para 2022 para dificilmente não dobraremos novamente o volume”, projeta.

Essa expansão é atribuída naturalmente ao aumento da agenda de ESG das empresas em termos gerais. A emissão desses certificados é potencializada pela busca de garantias de que a energia elétrica utilizada por uma determinada planta industrial vem de fonte renovável. O documento, diz Lopes, é um atestado que demonstra a redução da pegada de carbono.

O Brasil ocupa atualmente a segunda posição do ranking de maiores emissões dos I-RECs, reflexo de seu parque de geração. Mas esse lugar no pódio está ameaçado, mesmo com o crescimento projetado. Atualmente estamos atrás da China apenas. Segundo Lopes, a Índia vem crescendo bastante e deverá passar o país em breve.

Segundo o consultor Rodrigo Novaes, da PSR, a emissão de certificados de energia renovável é a iniciativa de mercado que mais se aproxima do setor elétrico no sentido de estimular novos negócios com a descarbonização. Ele explica que a certificação não é novidade, mas que o mecanismo tem se popularizado nestes últimos dois anos. Entretanto, o instrumento poderia contar com um apoio institucional no sentido de aumentar sua abrangência e relevância no país, onde diferentes grupos econômicos, motivados por suas próprias diretrizes e metas climáticas, buscariam o selo da energia renovável neste mercado, fomentando a entrada de nova geração limpa no futuro.

De acordo com o Instituto Totum, o país conta com cerca de duas dezenas de usinas habilitadas a emitir o certificado. Em 2015 eram apenas quatro, conforma mostra o gráfico abaixo.

Para Novaes, da PSR, estes fatos apontam que existe sim um mercado com potencial de crescimento. “Ao considerar a composição altamente renovável da matriz elétrica brasileira (86%, segundo o PDE 2030) e a contribuição do setor elétrico para as emissões do país (em torno de 3%, a depender do ano, segundo dados do Observatório do Clima), existe pouco espaço para ação em termos de redução de emissões. Outro ponto a se observar é que a direção da expansão no Brasil também é muito renovável, algo bastante pautado pelo mercado livre e pela geração distribuída. Portanto o espaço para alteração das decisões de investimento no setor, evitando assim emissões futuras, também é limitado”, aponta o consultor da PSR.

“O mercado de certificados de energia renovável poderia contar com um apoio institucional no sentido de aumentar sua abrangência e relevância no país, onde diferentes grupos econômicos, motivados por suas próprias diretrizes e metas climáticas, buscariam o selo, fomentando a entrada de nova geração limpa no futuro”. Rodrigo Novaes, da PSR

Nesse sentido, o que se vê de abertura para o setor elétrico é o que se chama de cross-sector, ou seja, a energia elétrica atuando para alavancar a descarbonização de outros segmentos da indústria. Segundo Alexandre Viana, diretor da Thymos Energia, esse é um movimento atribuído ao aumento da emissão de certificados que pode ser ampliado.

Uma das primeiras iniciativas nesse sentido veio da Honda ainda em 2014, quando construiu seu próprio parque eólico no Rio Grande do Sul. Posteriormente, a energia gerada naquela região equivale ao consumo de sua fábrica em Sumaré (SP) e foi a primeira a ser certificada com o selo de energia verde. O negócio deu tão certo que a montadora ampliou o parque para atender seus escritórios.

Viana, da Thymos, ressalta que a transversalidade da energia elétrica abre essa possibilidade de negócios ao incentivar a fonte renovável. Mas alerta que uma expansão mais expressiva das fontes intermitentes pode não ser, pelo menos nesse momento, uma característica tão positiva, pois é necessário buscar a confiabilidade do atendimento à demanda. A ausência de novas hidrelétricas é um problema, pois outra alternativa seriam as baterias ou a fonte nuclear, ainda com muitos problemas para aumentar sua presença. Mas como não há essa perspectiva de curto prazo, a saída seriam as térmicas, o que levaria a uma redução da renovabilidade da matriz.

Alexandre Viana, da Thymos Energia: Transversalidade da energia elétrica proporciona ao segmento atuar em diversas atividades da economia para obter benefícios da descarbonização.

O presidente do Forum do Meio Ambiente (Fmase), Marcelo Moraes, alerta que a expansão da matriz elétrica nacional com base nas renováveis tem na questão da necessidade de potência um problema importante. Esse fator deve-se justamente pela ausência de fontes renováveis que agregariam confiabilidade para atendimento da demanda, notadamente as grandes hidrelétricas.

“Para mantermos o atual índice de renovabilidade da matriz só com a retomada das hidrelétricas, além dessa fonte, apenas as térmicas podem proporcionar a segurança”, destaca o executivo. Em sua análise o aumento no volume de eólica e solar deve ser seguido com usinas que podem garantir o despacho quando para de ventar ou de incidir a luz do sol. “Com hidrelétricas a matriz teria o lastro renovável”, acrescenta Moraes.

Já Viana, da Thymos, aponta que o grande ponto na transição energética será termos o setor elétrico como alavancador da economia de baixo carbono no país. Mas reforça a necessidade de políticas que estimulem e incentivem o investimento por aqui. “Oferta existe o que precisamos é de demanda, há uma avalanche de investidores querendo aportar por aqui. Essas políticas podem ser desde o incentivo a carros elétricos, financiamento a projetos com mais facilidades e outros”, exemplifica.

Ainda pensando nesse caminho para descarbonização, Viana aponta que outra área de atuação está nas cidades, cada vez mais as pessoas estão migrando para os centros urbanos. Com isso, temos o caminho da eletrificação que se torna cada vez mais óbvio. Questões como mobilidade elétrica, cidades inteligentes e serviços para as pessoas com o aumento da necessidade de infraestrutura acaba sendo um nicho grande de ação para a neutralidade de carbono no meio urbano.

Com esse foco de atuação, a Enel X aposta que o Brasil apresenta grandes oportunidades. O head da empresa no Brasil, Francisco Scroffa, lista entre esses a mobilidade elétrica, a ampliação da infraestrutura em postes com a perspectiva de ofertar serviços diversos às cidades que vão além da iluminação pública, apesar deste ser o mais óbvio ao se implantar lâmpadas mais eficientes. Ele relaciona ainda segurança pública com monitoramento por câmeras e redes de comunicação, como exemplo de novos serviços que podem ser adicionados.

Além disso, mobilidade elétrica é um outro pilar que a eletrificação das cidades abre. O executivo lembra que atualmente a cidade de Santiago, no Chile, lidera nesse quesito entre os países da América Latina com 500 ônibus elétricos rodando. Contudo a perspectiva é de que cidades no Brasil possam ultrapassar essa marca. Até porque, São Paulo, por exemplo, ostenta a marca de maior frota de ônibus urbanos do mundo. Para que haja o andamento desse projeto é necessária a infraestrutura de abastecimento adaptada. E aqui no país já há uma grande vantagem, o atual nível de geração de energia limpa que compõe a matriz elétrica.

“No Brasil a nossa missão é sermos os primeiros em três anos. O país tem a vantagem de ter a matriz limpa, o segundo ponto é a existência de fabricantes desses veículos localmente, sem falar que a maior frota. Portanto, temos volume e o ecossistema necessário, há condições enormes de transição em transporte público elétrico. Em 2 ou 3 meses já teremos os primeiros projetos em andamento”, comenta ele.

Nesse negócio, explica o executivo, a Enel X faz o investimento e detém o ativo. A ação vai desde os aportes na infraestrutura à aquisição dos veículos e fornecimento de plataforma inteligente para o operador. Outro caminho, explica, é o de serviços para a indústria ao investir em geração distribuída para atender empresas com necessidades específica onde o consumo se dá em unidades de menor porte que estão pulverizadas, como de telefonia móvel ou loja de redes de varejo, onde há toda uma gestão acerca do consumo a até emissão de carbono. Em geral, o avanço ocorre em uma grande diversificação de frentes aproveitando as oportunidades de descarbonização da rede, indo de atendimento ao cliente final a até instituições como o Operador Nacional do Sistema Elétrico em seus objetivos específicos.

“A agenda ESG que vemos hoje potencializa os negócios e tem se espalhado, criando a consciência nas pessoas e mostrando que é bom negócio, atraindo também o mercado financeiro e alavancando o segmento para criar uma base mais sustentável”, avalia.

Francisco Scroffa, da Enel X: A agenda ESG que vemos hoje potencializa os negócios e tem se espalhado, criando a consciência nas pessoas e mostrando que é bom negócio.

Geração

Para a geração, as perspectivas com essa onda de descarbonização está no estímulo a novos projetos para suportar a demanda, lembra a presidente executiva da ABEEólica, Élbia Gannoum. Segundo ela, nessa caminhada para 2050 rumo à economia de baixo carbono o país tem vantagens comparativas por ter uma matriz elétrica predominantemente renovável. O setor pode se aproveitar por meio dos créditos de carbono para estimular outras atividades. Claro, lembra que há outros meios para a redução das emissões como o plantio de florestas, ou ainda a ampliação de programas de biocombustíveis.

“O mundo tem uma lição de casa para fazer no que se refere ao desmatamento e a mobilidade que hoje se dá por combustíveis fósseis. Esses dois pontos geram novos negócios com investimentos em renováveis seja na modalidade compensatória com a aquisição de créditos ou captura do carbono”, destaca.

Élbia Gannoum: A expansão das preocupações com a agenda ESG nas empresas leva à busca por ativos que atendam a demanda energética.

As perspectivas continuarão favoráveis para o segmento porque diferentemente da Europa que investe em geração limpa, os Estados Unidos estão atrás de neutralização de suas emissões. Ou seja, continuam emitindo CO2 mas buscam investir em tecnologias de captura das moléculas até para se utilizar da riqueza do shale gas que há por lá. E tanto lá como cá, o Brasil precisa usar suas reservas de gás natural do pré-sal, insumo importante para a indústria que substituiria o carvão ou combustíveis líquidos. Por isso, destaca, o cenário para um mercado de crédito de carbono e de certificados de energia renovável é um ambiente promissor.

Élbia cita a expansão das preocupações com a agenda ESG nas empresas que buscam ativos que atendam a demanda. “A eólica é fantástica para esse objetivo, tem caráter ambiental forte assim como o aspecto socioeconômico. Quando olhamos para o gerador eólico no Brasil, há um mundo a ser explorado”, classifica. A presidente executiva da entidade lembra que na lógica da descarbonização as empresas de energia com base fóssil estão migrando para as renováveis. Cita a BP, Equinor e outras indo para a geração mais limpa.

Inclusive, o presidente da Shell Brasil, André Araújo, lembrou em evento pré Rio Oil and Gas que a companhia é uma das petroleiras que estão mudando a sua matriz. A meta da empresa é dobrar a sua produção de eletricidade até 2030 em termos globais. Aqui no Brasil o foco está nos biocombustíveis com a Raízen.

Segundo estimativa de Ricardo Gorini, da Agência Internacional de Energias Renováveis, a necessidade de atuar está mais próxima do que sugere a data de 2050. Segundo ele, os próximos 10 anos serão decisivos. Nesse mesmo evento em que participou o presidente da Shell, ele apontou que o mundo precisa zerar cerca de 37 gigatoneladas (Gt) de CO2 que são emitidos anualmente.

“Fala-se de negócios de hidrogênio em 2030, então estamos falando que este é um negócio para amanhã, estamos em 2021”, alerta Élbia quando o tema é o novo “queridinho do setor energético”. Ela lembra que esse negócio é global assim como os certificados de energia pois pode ser comercializável para qualquer país, diferentemente da eletricidade pura. E potencial para atender o segmento o Brasil tem, a estimativa de potencial de geração no Brasil é de 800 GW na modalidade onshore e há 1 TW em offshore. “Oferta há, a trava ainda é a demanda”, define a executiva.

Apesar dessas perspectivas, o instrumento natural para os consumidores e geradores iniciarem o caminho para a economia de neutralidade de carbono, a emissão de certificados ainda enfrenta uma barreira: a falta de uma regulamentação que crie oficialmente esse mercado. O tema foi citado por Lopes do Instituto Totum, Moraes do Fmase e também Gabriel Mann, diretor de comercialização da Engie Brasil Energia.

Segundo o executivo, para que o segmento agregue os benefícios o mercado deve ser criado de alguma forma. Ele cita o PL 528/21 que institui o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), que vai regular a compra e venda de créditos de carbono no País. O texto tramita na Câmara dos Deputados e poderia ser um caminho para que o ambiente comercial desses títulos fosse oficializado.

Mann corrobora a avaliação de que o setor elétrico pode ser o alavancador da descarbonização, não por meio da substituição de geração suja, mas pela venda desses certificados que compensariam as emissões de outras atividades econômicas. A transformação da atual voluntariedade desses mecanismos em algo obrigatório traria um grande potencial de novos produtos ao setor elétrico, passando desde projetos de geração a serviços.

“Um dos produtos que temos é o Engie Rec, um certificado atrelado a um PPA, onde as empresas tem a garantia de origem renovável da energia consumida”, aponta. “O mercado que poderíamos ter é algo similar ao que o governo já fez com o Renovabio”, compara.

Gabriel Mann: Mercados de carbono ainda são voluntários, deveriam ser regulamentados para incentivar a busca por energia limpa.

Os créditos de carbono, idealizados ainda nos anos 90 e introduzido vai mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL) no Protocolo de Quioto é uma modalidade que também pode ressurgir com vigor nesse momento em que se discute como chegar à neutralidade em CO2. Enquanto o mercado não é criado o mercado de certificados continua a avançar, confirmando os dados já citados nesta reportagem.

Inclusive, casos não faltam. Além da Engie, recentemente a Enel divulgou que sua comercializadora, a Enel Trading, viabilizou no primeiro trimestre de 2021 novos contratos de venda de certificados internacionais de energia renovável (IREC) que totalizam 1,5 milhão de IRECs, a serem entregues ao longo dos próximos anos. O volume nos três primeiros meses de 2021 é superior ao montante vendido em todo o ano de 2020, quando a companhia negociou contratos que somam 1,39 milhão de IRECs. Esses negócios, afirma, demonstra o crescente interesse de clientes corporativos em ampliar o uso de energia limpa em seus negócios, em linha com a agenda ESG.

E ainda, o Grupo Comerc, em parceria com a Sinerconsult, desenvolveu o Certificado de Energia Renovável Comerc-Sinerconsult. Considerando os últimos 10 anos, a energia elétrica gerada a partir de fontes renováveis, como usinas eólicas, solar fotovoltaica, de biomassa e hidráulicas, de pequeno porte, consumidas pelos clientes do grupo, evitou a emissão de 4,85 milhões de toneladas de CO2, volume equivalente a um reflorestamento padrão com mais de 33 milhões árvores, segundo dados da Sinerconsult.

Atualmente, a estimativa de mercado é que 1 certificado custe R$ 2. Cada título equivale a 1 MWh gerado. Mann considera um valor baixo, deve-se a uma oferta grande e demanda baixa. Esse valor cobre praticamente o custo de emissão do selo, mas tende a aumentar ao passo que a procura aumentar, o que abre uma perspectiva de receita adicional.

Marcelo Moraes: Enquanto não mudar a mentalidade, termos regras claras e o interesse aparecer somente quando há crescimento econômico, tudo que é feito tem caráter paliativo e o mercado não amadurece.

Moraes, do Fmase, destaca que esse mercado de carbono surge toda vez que a economia cresce e recua quando há queda. Ele avalia que a volatilidade de mercado é grande e o viés é de crescimento nos próximos anos. Mas diz que para constituir uma oportunidade devem ser criadas regras. “De forma realista, enquanto não mudar a mentalidade, termos regras e o interesse aparecer somente quando há crescimento econômico, tudo que é feito tem caráter paliativo e o mercado não amadurece”, avalia. Contudo, quando se fala em um horizonte de mais longo prazo, o cenário muda, aponta ele. No curto prazo ele não vê espaço para mudança significativas, mas para daqui a 30 anos as transformações deverão ser importantes.

Projetos de Lei

A agenda de descarbonização parece ter entrado na pauta do Congresso Nacional. Há pelo menos dois projetos de lei que tratam diretamente do tema.

O projeto citado por Mann, da Engie, está em análise na Câmara e foi apresentado pelo deputado Marcelo Ramos (PL-AM). O parlamentar afirma que a regulação proposta garante a transparência das negociações de créditos de carbono no Brasil. A ideia é regulamentar os principais pontos do novo mercado, como natureza jurídica, registro, certificação e contabilização dos créditos de carbono. Também fixa um prazo de cinco anos para o governo regulamentar o programa nacional obrigatório de compensação de emissões de gases de efeito estufa.

O texto prevê a criação de um mercado voluntário de créditos de carbono, que se destina à negociação com empresas ou governos que não possuem as metas obrigatórias de redução de GEE, mas desejam compensar o impacto ambiental das suas atividades. Eles poderão investir em projetos que visam reduzir as emissões de carbono na atmosfera. As transações no mercado voluntário serão isentas de PIS, Cofins e CSLL.

Além deste, há também o PL 327/21 prevê a criação de uma política para regular a transição do modelo energético atual para um novo padrão baseado em fontes renováveis e em baixas emissões de carbono. Chamado de Política Nacional da Transição Energética (Ponte) envolverá medidas para garantir a migração planejada entre os modelos energéticos. Caberá ao Ministério de Minas e Energia elaborar, no prazo de um ano após a entrada em vigor da lei, o plano de metas para implantação.

O programa terá como diretrizes a promoção do uso eficiente da energia por meio de projetos sustentáveis; a mitigação do aquecimento global, em observância a metas climáticas decenais; a adoção de regras fiscais para desestimular cadeias produtivas de alta emissão de carbono; e a elaboração de planos decenais de produção e distribuição de energias renováveis.

Ambos os projetos estão em análise com caráter conclusivo. O primeiro nas comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços; de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. O segundo também na de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, e ainda, na de Minas e Energia e de Constituição e Justiça e de Cidadania.




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