Pior seca em cem anos afeta resultados de hidrelétricas

Acostumadas a lidar com riscos associados à fonte hídrica, geradoras de energia como Cesp, AES Brasil e Engie viram uma piora de seus resultados no segundo trimestre

Valor Econômico - 09/08/2021
Por Letícia Fucuchima


A pior seca em quase dez décadas pegou em cheio as companhias de energia mais expostas à geração hídrica, ao mesmo tempo em que beneficiou as que concentram seus negócios em geração termelétrica. Embora estejam acostumadas a lidar com esses riscos, geradoras como Cesp, AES Brasil e Engie registraram piora nos resultados do segundo trimestre. Analistas indicam que o pior está por vir porque o terceiro trimestre é marcado pelo período mais seco do ano

As geradoras hidrelétricas já vinham se preparando para equacionar seus balanços energéticos ao comprar energia, desde o ano passado, para zerar posições que pudessem deixá-las expostas ao mercado de curto prazo, cujos preços são mais altos durante períodos de escassez de chuvas. No entanto, o agravamento mais acentuado do risco hidrológico fez com que tivessem que adquirir mais energia a preços elevados.

Na AES Brasil, onde 61% da energia gerada é hídrica, houve redução de R$ 26,5 milhões na margem de abril a junho, o que se refletiu na queda de 6,6% do Ebitda (sigla em inglês do lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), para R$ 257 milhões. “Vemos aumento do custo da energia, com o preço ‘spot’ batendo no teto, então, foi bom termos antecipado [compras de energia]”, explicou a presidente da empresa, Clarissa Sadock. “Pelos nossos cálculos, estratégia evitou custo de R$ 190 milhões neste ano.”

Dona das concessões de Porto Primavera, na bacia do rio Paraná, e de Paraibuna, no Paraíba do Sul, a Cesp viu no segundo trimestre seus custos e despesas operacionais subirem 109%, para R$ 393 milhões, puxados pela compra de energia. Com isso, encerrou o período com prejuízo líquido de R$ 18,1 milhões, ante ganho de R$ 137,8 milhões há um ano.

A hidrologia desfavorável impulsionou os resultados da Eneva, que atua com geração termelétrica. No segundo trimestre, houve acionamento atípico de suas usinas.





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