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Governos têm poucas iniciativas para baixar emissões

Para a consultora, o Brasil ainda precisa avançar muito para se tornar minimamente competitivo na nova economia baseada em energia solar, eólica, entre outras inovações tecnológicas.

Vaor Econômico - 05/6/2014

Por Tom Cardoso
Estudos desenvolvidos pelo Grupo Intergovernamental sobre a Evolução do Clima (GIEG-ONU) mostram que a influência da atividade humana nas transformações climáticas chega a espantosos 90% - e que, diante de números tão altos, pouco se faz para mudar este cenário. Mas, diante de um cenário cada vez mais caótico, setores do poder público, fundações e algumas grandes empresas começam a se mobilizar para encarar o problema de uma forma mais objetiva e proativa.

"O governo brasileiro, de um modo geral, continua jogando na retranca. Sua posição nas convenções sobre mudança climática é sempre conservadora", afirma Rachel Biderman, doutora em gestão pública e governo pela FGV-SP e consultora na área ambiental. Rachel, porém, enxerga com otimismo algumas iniciativas tomadas por parte do poder público nos últimos anos, como a criação do C-40 de Liderança Climática das Cidades, em 2005, grupo composto por mais de 60 cidades com mais de cinco milhões de habitantes e que, entre outros objetivos, espera evitar, até 2020, o lançamento de 248 milhões de toneladas (o equivalente às emissões de Argentina e de Portugal somadas) de gases estufa em todo o mundo.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, substituiu recentemente Michel Bloomberg, o ex-prefeito de Nova York, na presidência do C-40 - juntas, as cidades do grupo representam 600 milhões de pessoas, 20% do PIB do planeta e 5% das emissões de gases do efeito estufa. Rachel espera que o fato de o C-40 ser presidido por um brasileiro faça com que outras ações no país sejam aceleradas.

Para a consultora, o Brasil galgou alguns passos em relação à política de mudanças climáticas, reduzindo o desmatamento e aprovando a lei nacional sobre o tema, mas ainda precisa avançar muito para se tornar minimamente competitivo na nova economia baseada em energia solar, eólica, entre outras inovações tecnológicas.

"Países como China e EUA têm avançado muito na adoção de tecnologias de baixo carbono, enquanto nós ainda não instalamos os incentivos adequados para a nossa revolução energética", afirma Rachel. Segundo a consultora, o Brasil perdeu a vantagem competitiva que havia sido desenhada com a política do etanol, que não deu o resultado esperado. "Nossa agricultura e pecuária podem melhorar muito e se tornar menos emissoras de gases e efeito estufa, sobretudo se o Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) vier a ser implantado em sua integridade, com financiamento adequado."

Fundações, ONGs e setores da iniciativa privada, embora ainda de forma tímida, também têm se mobilizado. A Fundação Rockefeller anunciou em 2013 o programa 100 Cidades Resilientes, que vai disponibilizar US$ 100 milhões para que as cidades contempladas invistam em políticas sustentáveis. Os candidatos, que podem ser tanto funcionários do governo ou instituições da própria cidade, serão convidados a apresentar uma descrição clara de como o município está enfrentando a questão.

Segundo Heiko Spitzeck, consultor e coordenador e professor do núcleo de sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, ações isoladas, como a promovida pela Fundação Rockefeller, são importantes, mas é preciso fundamentalmente mudar a maneira de pensar do grande empresário, que ainda vê a questão da sustentabilidade mais como uma ferramenta de marketing para a sua empresa do que uma política de longo prazo. "Ainda hoje, existe uma clara discrepância entre o discurso e ação de sustentabilidade nas organizações", afirma Spitzeck.

Ele calcula que apenas 5% das empresas se preocupam, de fato, com a questão climática, mas que esse número tende aumentar de forma significativa nos próximos anos, não por uma maior conscientização do empresariado mas sim pela percepção de que a produtividade pode ser afetada com o acirramento das mudanças climáticas.

"Infelizmente é assim: mexeu no bolso, diminuiu a margem de lucro, os empresários acordam", afirma Spitzeck. Mas o professor da Dom Cabral diz que grandes empresas como a Natura já fazem seus mapeamentos para reduzir as emissões.




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