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Chuvas previstas para o verão devem ser insuficientes para recuperar reservatórios

As chuvas previstas para o próximo verão não serão suficientes para recuperar o nível de estoque dos reservatórios hidrelétricos do país, segundo estimativas de agências climáticas.

Valor 23/10/14

Rodrigo Polito

As chuvas previstas para o próximo verão não serão suficientes para recuperar o nível de estoque dos reservatórios hidrelétricos do país, segundo estimativas de agências climáticas. Na avaliação desses institutos, na média, o total de precipitações entre novembro deste ano e abril de 2015 deverá ser melhor do que o observado em igual período anterior - um dos piores da história -, porém ainda abaixo da média.

Segundo o instituto Climatempo, para novembro e dezembro deste ano, a expectativa é que o volume de chuvas seja próximo da média. Em janeiro, a previsão é que as chuvas fiquem acima da média. A partir da primeira quinzena de fevereiro, contudo, é aguardada uma queda do volume de precipitações, cenário que deve se repetir em março. Segundo o diretor da comercializadora Compass, Paulo Mayon, a previsão é a mesma em um consenso colhido de agências climáticas.

De acordo com a meteorologista do Climatempo Patrícia Madeira, é possível que o nível dos reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que concentram 70% da capacidade de armazenamento de água do país, cheguem ao fim de abril (fim do período chuvoso) no mesmo patamar registrado em igual período deste ano, de 38,8%. "Apesar de toda a chuva esperada para janeiro, vamos ter uma saída de período chuvoso muito próxima da observada este ano", explicou.

Desde segunda-feira, o nível de armazenamento dos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste está menor do que o apurado em igual período de 2001, quando houve racionamento de energia. O nível de estoque das usinas das duas regiões iniciou a semana em 21,1%, contra 21,39% observado na mesma data de 2001.

Apesar de o período chuvoso recomeçar em novembro, a expectativa é que os reservatórios só começarão a se recompor no início de dezembro. Isso porque as chuvas que devem cair em novembro ainda vão encharcar o solo e preparar as condições para a recuperação dos reservatórios.

"Após as eleições, seria ideal, seja um governo de continuidade ou de mudança, que se fizesse uma boa campanha de estímulo à economia de água e energia elétrica", disse Mayon.

Para a diretora executiva da consultoria Engenho, Leontina Pinto, a adoção de uma medida de redução do consumo de energia, de pelo menos 10%, em 2015 é inevitável. "Seja racionalização ou racionamento de energia, o que você quiser. É preciso baixar o consumo", disse a experiente especialista, que participou da criação do modelo hidrotérmico utilizado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Érico Brito, da consultoria Excelência Energética, porém, não trabalha com a possibilidade de um racionamento de energia em 2015. "Não enxergamos um cenário de racionamento. Trabalhamos, sim, com preços elevados para 2015", afirmou ele.

"Para o ano que vem, ainda há muita incerteza pois a situação de suprimento de 2015 dependerá basicamente de quão vazio chegaremos no fim deste ano, das afluências no período chuvoso e da demanda no ano que vem, que, por sua vez, dependerá da situação econômica", disse Luiz Augusto Barroso, diretor consultoria PSR.

Apesar do cenário crítico, a situação hoje é menos grave em comparação com 2001 devido à participação maior de térmicas no sistema. Em outubro de 2001, as térmicas produziam cerca de 4 mil megawatts (MW) médios, o equivalente a 14% do total produzido pelo sistema. Hoje, essas usinas estão respondendo por 25,3% (16,4 mil MW médios) da produção de energia do país.

O problema, porém, é que não há previsão de adição significativa de capacidade termelétrica nos próximos anos, devido à frustração de usinas do tipo nos últimos leilões. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), estão previstos apenas 604 MW novos de térmicas fósseis em 2015.




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