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Geração eólica deve ser destaque em leilão A-5

Com quase 30 mil megawatts (MW) em capacidade instalada habilitados - equivalentes a três vezes a capacidade da usina de Belo Monte - e em meio a incertezas sobre a demanda das distribuidoras, a expectativa é de concorrência acirrada entre os ofertantes no leilão A-5, que ocorre amanhã e contrata energia para entrega em 2019.

Valor 27/11

Natalia Viri

Com quase 30 mil megawatts (MW) em capacidade instalada habilitados - equivalentes a três vezes a capacidade da usina de Belo Monte - e em meio a incertezas sobre a demanda das distribuidoras, a expectativa é de concorrência acirrada entre os ofertantes no leilão A-5, que ocorre amanhã e contrata energia para entrega em 2019. Como já vem ocorrendo nos últimos dois anos, a energia eólica deve ser o destaque, com 14 mil MW de potência habilitada, quase a metade do total.
"Esperamos responder por mais de 60% da capacidade contratada, em linha com o que vem ocorrendo nos últimos leilões", afirma Elbia Melo, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeolica). Com isso, a previsão é que a fonte cumpra com folga a meta de contratação de 2 mil MW neste ano, considerada um patamar mínimo para garantir lucro às fabricantes de equipamentos do setor. Até agora, os projetos eólicos já venderam 1,32 mil MW.
Segundo Elbia, pela primeira vez, os projetos de eólicas podem sair com preços mais atrativos do que o das hidrelétricas, colocando a fonte como a mais barata da matriz. O preço-teto para os projetos é de R$ 137 por megawatt-hora (MWh), enquanto para os hidrelétricos de maior porte é de R$ 114/MWh e, para aqueles com menos de 50 MW de capacidade, está em R$ 164/MWh.
Companhias do setor já sinalizaram que vão com fôlego para o certame. "Temos projetos cadastrados para o leilão de eólicas e vamos com bastante apetite", disse ontem o diretor financeiro e de relações com investidores da Renova, Pedro Pileggi. O embate já forte do lado da oferta pode trazer deságios ainda mais elevados se somados às incertezas em relação à demanda das distribuidoras.
Empresários estão reticentes quando à capacidade a ser contratada, por conta das expectativas de crescimento fraco do país nos próximos anos, o que afeta o consumo de energia. Na visão de Ana Karina de Souza, líder de energia do Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, há risco de demanda fraca, mas não a ponto de comprometer muito os preços. "A demanda pode ser baixa por conta da situação das distribuidoras e as incertezas do setor, mas não em um grau preocupante", ressalta.
Apesar de ter o segundo maior volume em projetos habilitados, com quase 5 mil MW, a tendência é que a fonte solar não venda projetos no leilão, já que o preço-teto estabelecido é o mesmo da energia eólica, que tem custos muito menores. No mês passado, no leilão que marcou a estreia da modalidade em escala comercial, o MWh saiu, em média a R$ 215, 36% a menos do que o valor máximo proposto para o próximo certame.
A grande dúvida diz respeito à entrada de projetos de térmicas à gás. Seis empreendimentos foram cadastrados, com capacidade total de 4,8 mil MW, mas a expectativa é que apenas a Petrobras consiga vender energia na modalidade, por meio da termelétrica Azulão, localizada na cidade de Silves (AM), e com capacidade de 104 MW. Se não explorar o gás da região até 2017, a estatal corre o risco de perder a concessão de uma reserva do combustível descoberta há 15 anos.
O interesse em térmicas a gás por parte das empresas foi elevado. Na fase de cadastramento, foram inscritos 36 projetos, com potência total de 20 mil MW. Mas com as dificuldades de abastecimento dos projetos, menos de um quarto se habilitaram. Tanto as térmicas a gás quanto as movidas a carvão devem ter dificuldades também para competir com as eólicas, afirma Claudio Sales, do Instituto Acende Brasil. O preço-teto estabelecido para a fonte termelétrica é de R$ 209 por MWh e os empresários têm menos espaço para competição, dado o forte impacto do câmbio sobre os insumos.
As hidrelétricas, que dominavam os leilões há alguns anos, agora são coadjuvantes. Será licitado apenas um empreendimento, de Itaocara, no Rio de Janeiro, com 150 MW, que teve a concessão devolvida pela Light e a Cemig no ano passado, porque a licença de instalação só saiu dez anos depois do contrato, o que inviabilizou economicamente o negócio. As duas empresas já sinalizaram que possuem interesse em retomar o empreendimento. Outras três usinas habilitadas, que somavam 270 MW em potência, não cumpriram os condicionantes do leilão, que incluíam licenças ambientais prévias e declarações de reserva de disponibilidade hídrica. (Colaborou Ligia Tuon, de São Paulo)




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