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Criptoativo terá lastro em projetos de energia limpa

Recém-criada por brasileiros na Suíça, a empresa Ampere prepara a emissão de US$ 600 milhões em criptoativos lastreados em projetos de energia limpa.

Valor Econômico - 14/01/2019
Por Maria Luíza Filgueiras


Recém-criada por brasileiros na Suíça, a empresa Ampere prepara a emissão de US$ 600 milhões em criptoativos lastreados em projetos de energia limpa. A companhia quer seguir o caminho da Dynasty, outra empresa de brasileiros que lançou criptoativos com lastro em imóveis e que é uma das sócias da Ampere - e que já engatilha uma terceira companhia com emissão lastreada em projetos portuários.

A seleção de projetos da Ampere já começou a ser feita no Brasil, para plantas que tenham geração a partir de 30 megawatts. "Buscamos projetos que já estejam com estudos ambientais feitos e aprovados, a parte de engenharia detalhado e terreno desembaraçado. Aproximadamente 30% do valor da planta já tem que ter sido investido", explica o sócio Fábio Vampel. Ele fez carreira na gestão de projetos, boa parte dela na Suzano Petroquímica.

A empresa quer ter, nesse volume de investimento, cerca de 10 projetos em carteira. "Em média, a necessidade de investimento é de R$ 5 milhões por megawatts. Buscamos plantas de tamanhos diferenciados", diz Eduardo Carvalho, sócio fundador da Dynasty e sócio indireto da Ampere. Eles também avaliam projetos eólicos na Índia.

Os investidores no alvo são principalmente family offices e private bankings europeus, arbitrando taxa de juros - a lógica é captar com taxas atrativas no exterior mas menos competitivas no Brasil, e financiar com preço também mais atrativo do que bancos locais. "Uma remuneração da ordem de 5% é muito mais atrativa para o investidor europeu do que para o brasileiro", exemplifica Carvalho. "Por outro lado, uma taxa em torno desse valor para o tomador de crédito, é muito atrativa no Brasil."

Os executivos apontam que o caminho tradicional para as empresas do setor é buscar um financiamento do BNDES e, se não conseguirem, partir para o crédito bancário privado. No criptoativo internacional, como a captação é feita em mercados com juros mais baixos, o financiamento também pode ser feito localmente a taxas mais atrativas, argumentam os executivos.

Para tranquilizar os investidores à distância, a Ampere firmou contrato com uma empresa de tecnologia que vai permitir o monitoramento em tempo real do andamento de obras das plantas de energia. "O capital é entregue à medida do avanço da obra, como é feito pelos bancos. Mas o investidor também conseguirá acompanhar isso por um sistema que mostra o volume de terra removida e entrada e saída de caminhões, por exemplo", diz Vampel.

Na prática, o criptoativo é uma cota da empresa que faz o financiamento do projeto e detém recebíveis dos contratos. "As emissões com lastro são um evolução desse mercado, o investidor quer garantias", diz Carvalho.

Na Dynasty, o token tem lógica semelhante a uma cota de fundo imobiliário. "Usamos a mesma tecnologia de uma criptomoeda, que é o blockchain, mas com emissão pública cujos recursos são usados para comprar imóveis", diz Carvalho, que foi sócio da imobiliária Lopes. São imóveis comerciais, que geram renda de aluguel. A ambição da Dynasty também é levantar US$ 600 milhões em quatro tranches ao longo de três anos. A operação começou no ano passado, com R$ 75 milhões de dois investidores âncora.

A Dynasty também terá participação em outra companhia em fase de desenvolvimento, que pretende financiar projetos da área portuária. "Também buscaremos um portfólio global, mas ainda é cedo para falar da empresa, que ainda não está registrada", diz o fundador.

Outro grupo brasileiro que atua em energia, o Alexandria, também vai emitir tokens lastreados e em mercado regulado - o criptoativo Lex terá como garantia contratos de construção de usinas de energia. "Temos uma projeção de lucro que vai estabelecer o valor de recompra do token. Assim o investidor vai ter mais garantias: além do lastro e da emissão regulada, terá a recompra a um preço definido", diz Alexandre Brandão, presidente da empresa. A emissora Lex Tokens está sob regulação da americana Securities Exchange Commission.




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