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Uma nova fonte de financiamento para energia limpa no país

Uma tecnologia inovadora permite aos investidores captar recursos de forma mais ágil e econômica e reduzir sua dependência das fontes oficiais

CanalEnergia - 06/05/2019
Por Eduardo Carvalho


A captação de recursos junto aos organismos usuais de crédito no país apresenta diversos problemas, muitos dos quais conhecidos do grande público. Além de taxas altas, muitas vezes o prazo de desembolso pode até inviabilizar um projeto. Além disso, o dono tem que investir sempre uma parcela de capital próprio e ficar aguardando uma licença que pode não sair ou demorar mais que o previsto.

Diante disso, é tarefa de investidores desse mercado buscar novas fontes de financiamento para viabilizar os projetos. Uma alternativa inovadora endereça alguns desses problemas. Trata-se da emissão de security tokens.

Security tokens são representações digitais criptografadas de ativos do mundo real, como por exemplo, ativos mobiliários (ações) ou imóveis. E dão a seus detentores direitos sobre esses ativos, como negociá-los pelo preço que acharem conveniente, num ambiente específico.

E esse ambiente é a blockchain. Essa tecnologia é na verdade um grande livro digital onde são registradas todas as transações e saldos de tokens de forma imutável e descentralizada, ou seja, em diversos computadores numa mesma rede. Esse registro é público, compartilhado e universal. Portanto, qualquer pessoa tem acesso às transações e aos saldos em tokens registrados nessa rede. Isso dá total transparência e segurança aos tokens negociados nesse ambiente.

Na Ampere, estamos planejando captar na Suíça entre o fim deste ano e o início do próximo US$ 600 milhões para financiar projetos de energia limpa – eólica e solar – no Brasil por meio da emissão de security tokens. Para tornar isso possível, mapeamos 600 MW em projetos no Brasil, a maior parte já com contratos de compra e venda assinados com um consumidor específico – cujo nome não podemos revelar, por questões de confidencialidade.

Numa primeira fase, vamos financiar 350 MW referentes a projetos em estágio mais avançados. Fizemos uma classificação dos projetos de acordo com licença ambiental emitida, projeto básico pronto, terreno comprado, etc, e os mais avançados vão sair na frente.

Cada security token a ser emitido pela Ampere vai equivaler a 1 watt instalado. O cálculo do valor será feito utilizando o custo médio de instalação por watt levando em conta a média entre usinas eólicas e solares. No entanto, o token será precificado no mercado secundário de acordo com a oferta e demanda do ativo. A previsão é ter 1,1 GW instalados em cinco anos a partir dessa emissão de tokens. Atualmente, existem cerca de 15,1 GW eólicos e 2,1 GW solares instalados no Brasil.

O detentor do security token receberá dividendos de acordo com a rentabilidade do projeto e poderá negociá-lo em exchanges reguladas de criptomoedas, que são bolsas de compra e venda desses ativos e troca por dinheiro fiduciário. Na Ampere, estamos negociando a listagem do ativo na Six, a principal bolsa de valores suíça. Por questões de segurança jurídica, vamos trabalhar somente com exchanges reguladas.

A emissão de tokens para financiar o projeto tem uma série de vantagens. Para o investidor europeu, por exemplo, mirar numa taxa de 11-12% ao ano mesmo em Real é bastante atrativo. Além disso, ele passa a ter acesso a um tipo de investimento hoje reservado somente para investidores qualificados. Já o tomador brasileiro poderá contar com uma taxa mais baixa do que a que ele está acostumado por aqui, incluindo a do BNDES. Além disso, o tempo para o desembolso pode ser significativamente menor.

Estamos sendo assessorados pela Dynasty, empresa da qual sou sócio fundador e que tem experiência nesse tipo de emissão de tokens de criptoativos. Planejamos lançar ainda neste ano US$ 150 milhões em tokens lastreados em imóveis comerciais situados em grandes metrópoles como Nova York, Londres, Paris e Lisboa.

Assim sendo, a emissão de security tokens para financiamento de projetos de energia limpa pode se tornar uma alternativa interessante para investidores que querem reduzir o risco de seus projetos e que buscam uma alternativa mais barata e ágil do que o BNDES. Além disso, traz para o setor de energia brasileiro uma tecnologia que já é realidade, veio para revolucionar o sistema financeiro e está ganhando cada vez mais adesão.




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