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Governo mira em modelos de ‘hub energético’

Ideia é trazer conceito em uso no exterior para formular os estímulos à atividade industrial apoiada em estratégias voltadas para a transição energética

Valor Econômico - 21/06
Por Rafael Bitencourt

O governo toma como referência o conceito de “hubs energéticos” adotados no exterior para, no Brasil, formular os estímulos à atividade industrial apoiada em estratégias voltadas para a transição energética. Ontem, integrante do Ministério de Minas e Energia citou que Estados Unidos e países da Ásia criaram grandes “hubs” ou “complexos energéticos” para unir esforços do governo no desenvolvimento da indústria comprometida com o processo de descarbonização.

A ideia foi apresentada pelo secretário nacional de Transição Energética e Planejamento, Thiago Barral. Ele explicou que, no exterior, estão envolvidas empresas ligadas à produção de hidrogênio, combustíveis de aviação, plantas de fertilizantes, projetos de captura de carbono e de descarbonização da siderurgia.

Barral ressaltou que, lá fora, a ideia surgiu para facilitar a “coordenação entre os agentes” supridores de energia e consumidores industriais. O técnico do ministério considera essa interação, que deve ser promovida pelo governo, como um processo “extremamente complexo”.

O secretário lembrou que, no Brasil, a discussão dentro do governo envolve os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), da Fazenda, do Meio Ambiente, Casa Civil, além da pasta de Minas e Energia.

“É necessário ter capacidade de organizar, mostrar consistência e identificar onde estão as lacunas para se posicionar, sair do discurso e entregar resultado: a efetividade dessa transição energética. As coisas não vão acontecer por gravidade. Precisamos falar quais instrumentos que vamos estabelecer para desenvolver o potencial industrial do país”, disse Barral, que foi presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Integrantes do governo Lula têm defendido o plano de reindustrialização do país, chamado de “neoindustrialização”. Isso se soma à proposta do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, com “Gás para Empregar”. O programa promete, ao mesmo tempo, ampliar a oferta e reduzir preços do combustível vendido para a indústria.

Barral participou de encontro dos fóruns do Meio Ambiente do Setor Elétrico (Fmase) e das Associações do Setor Elétrico (Fase). No evento, ele afirmou que, de toda energia consumida no Brasil no ano passado, 18% estavam associados à eletricidade, e 82%, à queima de combustíveis (fósseis ou biocombustíveis).

O secretário informou que, dentro dos cenários de neutralidade nas emissões de carbono, o consumo de eletricidade deve saltar para 40% no Brasil. Diante dos presidentes das entidades, o técnico do governo cobrou maior colaboração para corrigir as atuais distorções no mercado de energia, que surgem geralmente da disputa entre grupos que agem em benefício próprio na hora de definir a alocação de custos do sistema elétrico.

“Não vamos sair de 18% para 40% de participação de eletricidade no consumo final empilhando subsídios, disfunções, ineficiências, com precificações equivocadas”, disse Barral. “Quanto mais rápido fizermos concessões e construirmos consensos, mais rápido o setor poderá colher as oportunidades que a transição energética irá trazer.”




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